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[LIVROS] Jogador Nº 1



“A prova de que  não é qualquer um que pode escrever um livro.”

Por Bruno Albuquerque de Almeida!

É com pesar que admito que, assim como o cinema, a literatura caminha para o fim de obras preocupadas em manter a sua qualidade. E Jogador Nº 1, escrito por Ernest Cline (o roteirista do bobo “Fanboys”) não é diferente: preguiçoso, burocrático e extremamente didata, o livro só consegue gerar repulsa – e sabota a própria ideia principal: fazer referências a games, séries e filmes antigos.

Nota-se, pelo menos, que a ideia principal é muito boa. Um universo que possui dentro dele todos os outros universos já criados, seja para televisão, para livros, para o cinema e até mesmo para a música, possui infinitas possibilidades de histórias e de abordagens para as mesmas, além de poderem gerar personagens riquíssimos e marcantes. Por mais que se assemelhe a Matrix, a OASIS de Cline vai um pouco além por ser uma referência (de todo o livro, a melhor) a nossa internet, e como diversas pessoas pelo mundo (inclusive eu)chegam a passar intermináveis horas conectadas a ela, vendos páginas e páginas dos mais variados conteúdos. E nisso Jogador Nº 1 acerta em cheio.

Mas os pontos positivos se limitam a esses, pois a partir daí o livro é um desastre só. Cline aparenta possuir uma compulsão em explicar tudo o que já está claro, até mesmo as referências que ele faz: no momento em que Art3mis pede uma bebida na festa de aniversário de Og, Wade Watts (o personagem principal), com sua narração um tanto equivocada, explica que a bebida é a preferida de um personagem do filme Highlander. E, como se já não bastasse tirar a exclusividade dos  fãs do filme sobre o guerreiro imortal entenderem a referência, Wade ainda diz em que ano o filme saiu, e em diversos outros momentos explica até quem o dirigiu/ estrelou. E a pergunta que surge em minha cabeça é: “Para que?” E o que dizer de Wade falando “Parece Rivendell. A cidade dos elfos de O Senhor dos Anéis” ? Chega a passar vergonha alheia.

Não existe um motivo para as explicações detalhadas a TUDO o que acontece na narrativa – quando Wade está passando pelo segundo portão, ele detalha o jogo no fliperama e, após ter sido sugado para dento dele, ele descreve o lugar aonde está e as roupas que vestia, dando a entender que ele estava dentro do jogo que há poucos segundos estava jogando. Mas, num ato nem um pouco natural, Wade explica: “Eu estava dentro do jogo. Eu estava na pele no personagem. Eu iria viver o jogo.” Não transcrevi exatamente como está no livro, mas a ideia é a mesma. Notou o didatismo exagerado e completamente desnecessário?

Ao ler na orelha do livro que ele era “Original e repleto de nostalgia”, esperava que ele realmente cumprisse isso. E ele cumpriu, somente no quesito “nostalgia”, pois a originalidade foi pelo ralo: todo o formato da trama é clichê (um grupo de adolescentes se une em busca de um artefato raro, enquanto um vilão faz o mesmo e pode cometer as piores atrocidades para impedir que alguém o faça antes, e blá blá blá), e quase tudo o que acontece no livro, a partir de determinado momento, é completamente óbvio: o Primeiro Portão e o desafio escondido lá dentro são completamente inesperados, o que nos prende a leitura. Mas a partir do segundo portão, ele e todos os enigmas e dúvidas foram respondidos da maneira mais óbvia e menos metafórica do que aparentavam ser.

Os personagens são repulsivos: Art3mis é antipática, grossa e fria, e por mais que ela se explique no final, não justifica o exagero de seus atos;  Aech não passa de um cara engraçadinho e animado (comparações ao Rony da saga Harry Potter não podem ser meras coincidências); Shoto, antes e depois da [SPOILER] morte de seu irmão[SPOILER] é um deprimido sem personalidade ( aliás, por mais que os personagens aparentem possuir cultura, TODOS eles carecem de personalidades bem definidas); e Wade Watts é um cara com uma falta de amor próprio IMPRESSIONANTE (note como, em diversos momentos, ele quase se joga aos pés de Art3mis, que a partir de uma atitude de extremo carinho e amor dele passa a ignorá-lo por completo, o que só prova que ela é uma mulher emocionalmente deprimida em alto grau), que, sem exageros, chega a assustar.

A batalha final, sendo prometida por diversos personagens como “a melhor da história do video-game”, não passa de três robôs gigantes se batendo, além de matar diversos avatares banalmente. A “tática” narrativa de Pista e Recompensa, que serve para mostrar algo no início da narrativa de maneira singela mas que no final se mostra de vital importância, é repetitiva e nem um pouco sutil. [SPOILER] Desde o início eu sabia que alguém estava vigiando os personagens na sala de bate-papo (até o protagonista chega a mencionar isso, o que só comprova o que eu falei sobre o livro ser extremamente didata), e que a moeda de 25 cents iria ajudar Wade em algum momento da história [SPOILER].

E a conclusão do livro não conclui nada, como se Ernest Cline tivesse certeza de que o livro faria sucesso (e de fato fez, somente por mencionar diversos filmes/ séries/ games que todo mundo gosta) e de que iria fazer um segundo livro( o que não temos certeza ainda). Ele deixa em aberto diversas possibilidades para o que viria acontecer. Enfim, como puderam notar, é um péssimo livro. Mas leia-o, caso queira entender como não se escreve um livro e a aprender muito bem com  contras-exemplos.

Nota: 3,0

Ps: mais uma vez, venho alertar a Editora Leya que peça aos seus tradutores e revisores para se dedicarem mais a qualidade do que o tempo em que o livro chegará às prateleiras das livrarias. Porque, por exemlo, é muito complicado não interromper a leitura por encontrar algo como “anais de televisão” ou “um uma lugar”. Isso é somente mais um aviso para que a Editora Leya melhore ainda mais o seu trabalho (a qualidade gráfica do livro Jogador Nº 1 e Clube da Luta é IMPECÁVEL). 

[ESPECIAL HOMEM-ARANHA / HQ] Homem-Aranha: Azul

Luan Alencar

Faltam exatamente duas semaninhas para a volta triunfal do cabeça de teia às telonas! E, enquanto a gente não mata a saudade de se balançar entres os prédios de Nova Iorque no cinema, o Nerdverso começa seu especial do herói que vem pra sugerir dicas e comentar a respeito do universo do MELHOR HERÓI DE TODOS OS TEMPOS PONTO.



Pra começar bonito, escolhi falar de uma das minhas histórias favoritas do amigo da vizinhança, e se brincar, um dos meus quadrinhos favoritos. E eu tenho vários motivos para sustentar essa afirmação. A história em questão é Homem-Aranha: Azul, de Jeph Loeb e Tim Sale, e porque ela tem tanta importância assim pra este que vos fala? Pula pro próximo parágrafo que eu respondo.

Já está aqui? Rapidinho você, hein? Beleza, vamos aos pontos. Primeiramente, Azul é excepcional por ser uma revista de fácil entendimento para qualquer pessoa que tenha o MÍNIMO de conhecimento no mundo quadrinístico. Isso porque ela se passa logo depois de uma das histórias mais clássicas do Aranha (outro ponto positivo), a famigerada morte de Gwen Stacy, e também pela simplicidade de seu mote principal. 

A simplicidade da história reside no fato de que ela gira em torno de um monólogo que vai sendo gravado por Peter, destinado a Gwen Stacy. O triste porém, é que ela não está mais lá para receber a mensagem. Após algum tempo da morte de seu primeiro grande amor, ele resolve desabafar tudo aquilo que estava preso na sua cabeça, como se tivesse a oportunidade de ter uma última conversa com ela.  E durante isso esclarece uma porção de coisas que aconteceram no período em que eles se conheceram e quase acabaram não namorando, graças à chegada de Mary Jane na história, mostrando toda a humanidade do personagem. É comovente demais ver um cara que a gente tanto gosta numa fase tão delicada e tão madura, que poderia acontecer com qualquer um de nós. 

Ou seja, por mais que um leigo no assunto não se importe tanto com super-heróis e afins, provavelmente irá compartilhar esse sentimento de perda, e logo passará a se interessar na história, o que consequentemente fará com que absorva o melhor do Homem-Aranha. Isso porque durante o desabafo, Parker vai mostrando como tinha que conciliar suas tentativas de namorar com Gwen com os embates com vilões como Rino, Lagarto e Abutre. E as cenas de ação mostram toda a essência do herói. Recheado de piadas, divertido e todas as qualidades necessárias.

Tudo que tornou o Homem-Aranha no herói mais querido de todos, está extremamente bem trabalhado em Azul. Sua amável relação com a Tia May; o bom humor durante as lutas e fora delas; o aperto financeiro; a dureza que é trabalhar para J.J. Jameson; a dificuldade em conciliar suas responsabilidades como super-herói e ter uma vida amorosa normal; sua relação com amigos como Harry e Flash; a dúvida entre a sedutora e atraente Mary Jane e seu verdadeiro amor, Gwen... 

É muito bom quando uma obra se mostra excepcional no que se propõe e ainda consegue mexer com o lado subjetivo do leitor. Falando agora não como um "crítico chato que indica algo pra você consumir ou não", e sim como Luan, nerd fanboy de Homem-Aranha desde sempre, essa revista me emocionou para baralhos, por dois motivos. 

O primeiro deles foi que quando terminei de ler as seis edições, recebi um tapa na cara que serviu pra me acordar pro fato de que: "Ei, existem pessoas ao seu redor que estão ali, esperando pra serem amadas por você, não espere vê-las morrerem pra depois ficar choramingando por aí". Beleza, é um papinho ultra clichê, mas a maneira como a revista nos faz chegarmos a essa conclusão ao seu fim (e aí acredito que ela fará isso com todos os leitores), é tão natural e real, que em nenhum momento parece um livro de autoajuda e sim um conselho de amigo. 



Já o segundo foi extremamente pessoal, mas que veio num momento tão bacana que acho válido compartilhar com vocês. Quando vi o curioso título da revista que provavelmente também chamou vossa atenção, associei ao tema da história. Azul sempre foi associado com tristeza, melancolia, o que explica, por exemplo, o Blues ser um ritmo tão tristonho. Deduzi sem precisar ler nenhuma página do quadrinho, porque há muito tempo um tio me ensinou isso, e ficou como aquelas "culturas inúteis" que sempre guardei. Esse cara era praticamente um Tio Ben, que apresentou a mim e a meus primos, coisas como CD's de Pink Floyd e Led Zeppelin, além de viver cheio de filosofias e conhecimentos fodas que sempre compartilhava com a gente. E esse cara, tal qual Ben Parker, faleceu há alguns anos. E a explicação para o nome Azul da revista, vem lá no final, quando Peter fala:
"Acho que, quando tento entender... entender como me sinto às vezes nesta época do ano, eu me sinto triste. Como a cor azul. Não que eu não goste de azul, mas... é uma cor triste. Como o Jazz... Como o Blues..."
E cara, essa explicação foi tão parecida com a que o meu "Tio Ben" deu quando eu era pivete, que não deu pra segurar uma lágrima escorrendo no fim da leitura. 

Recomendação máxima.

[CINEMA] Prometheus



"Um filme sobre o despertar de ideias."


Por Bruno Albuquerque de Almeida!

Fazer ficção-científica na Hollywood de hoje é um negócio complicado. Além de ter que encarar os já clássicos clichês e estereótipos, os roteiristas e diretores também devem tomar cuidado para não, simplesmente, fazer um filme ação com inúmeras explosões, mortes banalizadas e um final feliz onde o mocinho se impõe ao vilão. Felizmente, Prometheus passa longe disso, além de ser cheio de referências a filmes clássicos do mesmo gênero.

Mostrando estar inspiradíssimo, o já cultuado diretor Ridley Scott começa suas referências logo na primeira tomada do filme, ao enquadrar um determinado planeta de uma maneira extremamente parecida com a qual Stanley Kubrick faz em 2001 - Uma Odisseia no Espaço, também em sua tomada inicial. Note, também, que um dos trajes espaciais expostos nos corredores da Prometheus se assemelha muito com um dos trajes do filme de Kubrick. E na cena em que David anda sozinho pela nave ao som de música clássica, Scott também cria uma rima com 2001. Além de citar o filme de ficção-científica mais influente de todos os tempos, Scott faz referências a um de seus próprios filmes: perceba como duas tomadas da cena em que a tripulação acorda, após uma hibernação induzida, se assemelham bastante com as utilizadas em Alien - O 8º Passageiro, na cena em que o bebê Alien se revela na mesa do café da manhã.


Após chegarem ao seu destino, guiados pela questões universais (De onde viemos? Porque?), o que mostra que nenhum dos personagens jamais leu ou viu O Guia do Mochileiro das Galáxias, a equipe da nave Prometheus logo inicia sua investigações. Ao entrarem na base dos Engenheiros, a direção de arte do filme é de cair o queixo. O cuidado de Ridley Scott em se aproximar da realidade o levou a construir todos os cenários, que foram detalhados com esmero. E destaco a enorme cabeça localizada no centro do "depósito principal" da base: além de ser bela, mostra que os Engenheiros possuíam uma religião, e que aquilo provavelmente representava seu deus. E perceba como ela se parece extremamente com eles - "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Gênesis 1:26".


Ou seja: teriam os engenheiros passado a sua religião a nós também? Bem, essa é uma das muitas perguntas que Prometheus não responde, e que muitos vêem como um problema do filme, mas que acredito ser uma maneira de despertar ideias no público, para fazê-lo pensar. A partir daqui, revelarei momentos do filme, assim com informações cruciais, portanto continue lendo apenas se você já viu o filme - ou se não se importa de levar spoilers na cara.

Respostas para Prometheus?

Como amante do cinema interpretativo (que coloca as informações na mesa mas que deixa o espectador tirar suas próprias conclusões, como A Origem, Ilha do Medo, entre outros), é claro que parei um tempo para pensar nas perguntas de Prometheus - e nas respostas que seriam plausíveis dentro daquele universo. Portanto, nos próximos parágrafos, enumerarei as perguntas e em seguida colocarei as respostas que encontrei e que achei que seriam satisfatórias.

1. - Como os nossos antepassados sabiam da existência do mapa? - Simples: os engenheiros vinham de tempos em tempos visitar suas criações, aqui na Terra. A prova disso são as semelhanças que encontrei entre a religião deles e o nosso cristianismo, além de que seria a melhor justificativa para o porque de uma raça tão primitiva como a nossa saber da existência de planetas tão distantes. E não se esqueça: sacrifícios são características das civilizações americanas pré-colombianas. O que vemos um dos engenheiros fazendo na primeira cena do filme? Um sacrifício.

2. - Por que David infectou Holloway? - Note como ele, após entrar na base dos Engenheiros, começa a apertar todos os botões que vê. Ou seja, ele estava testando aquilo, vendo aonde iria chegar - e o que sustenta isso é quando ele abre um dos portões, que leva os exploradores para a câmara aonde existe a cabeça gigante, além dele roubar um dos muitos vasos que existia lá. Logo em seguida, vemos ele abrindo o vaso, e checando o que encontrava dentro dele. E, após infectar o Holloway, note como Ridley Scott faz questão de mostrar David olhando para o infectado, procurando por reações. Portanto, David estava testando as reações humanas \àquele líquido preto encontrado dentro dos vasos. Ele estava vendo aonde aquilo iria chegar.

3. - Por que a cabeça encontrada do Engenheiro explode? - Para entender isso, basta prestar atenção ao filme. Antes de colocar aquele aparelho dentro da cabeça do alienígena, a Dra. Elizabeth Shaw explica que aquilo vai reanimá-la. Ou seja: aconteceria com a cabeça o que teria acontecido se o Engenheiro não tivesse morrido. Então, se o Engenheiro já tivesse tomado aquele líquido preto, aconteceria aquilo. Mas como saber se ele tomou? Minha teoria não é muito concreta, mas note pelos hologramas que o Engenheiro morto tropeça, sem contar que ele estava atrasado em relação aos outros. Então, ele poderia ser o precipitado ou burro da equipe, e além de estar atrasado e ter tropeçado, ele poderia já ter tomado o líquido negro que o mataria. Portanto, é plausível que sua cabeça explodisse após ser reanimada.

4. - Por que os Engenheiros queriam nos destruir? - Talvez isso seja explicado numa provável continuação, mas tenho a teoria de que eles simplesmente viram que... deu M@#%!. Sendo verdadeira a teoria que, de tempos em tempos, eles vem para a Terra para passar seus conhecimentos (principalmente religiosos), eles podem ter vindo para cá novamente (2000 mil anos atrás, como o filme mesmo explica) e visto que o ser humano se tornou uma péssima espécie, e decidido destruí-la, já que somente fazia mal a si mesma e ao mundo (um breve estudo de história revela que, naquela época, o ser humano já se revelava extremamente egoísta). Então, alguma coisa deu errado, e quase todos os Engenheiros morreram. Provavelmente por conta daquele líquido preto.

[FIM DOS SPOILERS]



E por que tantas questões sem respostas são levantadas pelo filme?

Para essa pergunta, consigo encontrar duas respostas. Primeira: para despertar ideias no espectador, chamá-lo para dentro do filme e perguntá-lo o que ele acha que é tudo aquilo. Ou seja: fazer com que você crie sua própria interpretação sobre tudo o que está ocorrendo, e isso é muito bacana vindo de um blockbuster como Prometheus. E segunda: imagine que você está indo a um planeta distante, numa expedição para procurar vida extraterrestre. Ao chegar lá, você encontra uma base militar abandonada, apenas com materiais criados pelos alienígenas e os corpos deles. Você conseguiria obter respostas imediatamente?

Desculpe, mas acredito que não.

Sim, mas e a crítica ao filme?

Voltando a crítica tradicional, Prometheus peca bastante ao ser extremamente didata. Didatismo esse que, se retirado do filme, não faria a menor diferença - como na cena em que o geólogo do grupo explica que as esferas prateadas que emitem luzes vermelhas vão escanear o local. Bastava mostrar elas escaneando (veja o trailer do filme, fica CLARO que é isso que elas estavam fazendo) e o modelo holográfico se formando numa mesa dentro da nave Prometheus. Não havia a necessidade de explicar aquilo, assim como não havia a necessidade do personagem de Idris Elba explicar TUDO o que estava acontecendo ali para a personagem de Noomi Rapace, sendo que as cenas mostradas já nos faziam deduzir aquilo. Se o roteirista, Damon Lindelof (responsável por Lost), queria aproximar os dois personagens para justificar uma atitude heroica por parte de um deles logo depois, que fizesse isso sem ser didata. E o que falar sobre o biólogo que brinca (isso mesmo, BRINCA) com um animal extraterrestre completamente desconhecido, e visivelmente hostil? Outro problema que encontrei foi a Dra. Shaw ser praticamente indestrutível, não importa o que aconteça de ruim com ela, tornando sua personagem um tanto irreal. Todos esses furos são imperdoáveis no roteiro do filme.

Em compensação, Michael Fassbender está SENSACIONAL na pele do robô David, com um trabalho de voz e gestos que se mostram terem sido planejados previamente por ele. Noomi Rapace dá uma carga emocional pesadíssima a sua personagem, que grita, chora e até luta quando necessário. O resto dos personagens, por incrível que pareça, são apenas enfeites - e me admira muita gente dizendo que eles são estereótipos pesados, já que nem aprofundados pelo roteiro eles são.

As cenas de ação são maravilhosamente filmadas, com poucos cortes e um total entendimento do que está acontecendo em tela. O terror do filme também é ótimo: confesso que fiquei extremamente tenso em duas cenas - a em que o geólogo e o biólogo são atacados, a do aborto e a morte de [SPOILER] Holloway [SPOILER], todas cruas e extramente pesadas. Existe uma reviravolta interessante pouco antes do clímax do filme, o que faz o espectador ficar mais ansioso para o que vai acontecer ali.

Portanto, não se iluda com críticas negativas - nem com as positivas - para Prometheus. Vá ao cinema, assista ao filme (pois todo filme nos ensina alguma coisa, mesmo que seja pelo mal exemplo) e defina sua opinião sobre. E tente responder as questões levantadas a sua maneira, claro.

Nota: 8,5

Ps: no Facebook, avisei que a nota do filme seria 8,0. Mas ao terminar de escrever a crítica, não vi motivos para dar uma nota tão "mediana" a um filme tão bom.

[HQ] VERTIGO #29/30 - Quer começar a ler quadrinhos? Comece por aqui!

A gente ama quadrinhos, né? Se sua resposta foi "eu mesmo não...", favor se retirar e ingerir aquele líquido preto ali na cozinha. É, aquele mesmo com uma caveira na garrafa. Acontece que as principais obras que a gente tanto idolatra são HQ's, graphic novels, ou pelo menos baseado em alguma dessas alternativas. Só que acompanhar revistas esporádicas no Brasil é lenha, e a gente acaba optando por comprar aqueles encadernados bacanudos de cinquenta reais.

Maaaaaaaas, venho por meio desta trazer-lhes uma ÓTIMA notícia caso você seja daqueles apreciadores da nona arte, mas que não sabe por onde começar a ler. Sai muita coisa, tudo embaralhado, histórias já pela metade... Por onde diabos começar? E a resposta é: VERTIGO Nº 29.


Para os desentendidos, Vertigo é um selo da DC onde a editora publica histórias mais adultas, voltada pra um outro público que não o dos heróis espalhafatosos da Distinta Concorrência. Talvez o representante mais conhecido da Vertigo seja o saudoso John Constantine.

A Vertigo Nº 29 foi uma benção para este que vos fala, porque há muito, muito tempo fico namorando as revistas nas bancas da cidade, sempre naquela vontade, mas sabendo que nunca daria muito certo. Só que essa edição foi uma espécie de "agora ou nunca". Não dá pra deixar passar essa mamata gostosinha de QUATRO arcos começando em uma revista. Ou seja, nada de ficar perdido, vamos acompanhar tudo do princípio (ou quase tudo).

Na verdade, temos uma história totalmente inédita, Homem do Espaço (destaque das capas das edições), com roteiro de Brian Azzarello e arte de Eduardo Risso, que se você manja um pouquinho que seja de quadrinhos, sabe que os caras são mega renomados graças à fodalhona 100 Balas. Outras três histórias já são estabelecidas, mas iniciam arcos novos e dá pra se adaptar facilmente. São elas: Vampiro Americano, Casa dos Mistérios e Escalpo. E tem ainda a presença do já citado John Constantine, com a Hellblazer, que a gente pega a história já um tanto desenrolada, mas a partir da edição 30 (que já está nas bancas), inicia-se uma nova "aventura", partindo do ponto em que a passada acabou.


HOMEM DO ESPAÇO


Apesar de ser o destaque das edições até agora, Homem do Espaço não me cativou ainda. Um tanto confusa e demorando um pouco pra engatar, ela conta a história de Orson, um dos homens criados em um projeto da NASA para gerar seres humanos geneticamente melhorados para resistirem a uma viagem até Marte. A parte mais interessante, além da ótima arte de Eduardo Risso, é a discussão a respeito da aceitação da população com esses homens. O velho dilema de "brincar de Deus" e toda essa marotagem.

Acontece que esses "super humanos" não valem mais o que o gato enterra e vivem numa miséria foda, e Orson acaba se vendo no meio de uma trama com uma pivetinha órfã que tava participando de um reality show mega bizarro (assim como tudo no futuro). Pois é, eu também fiquei com essa sensação de perdido até agora, resta saber se a história vai nos surpreender ou não.


ESCALPO


Já Escalpo me agradou muito mais. Mostra os conflitos de uma reserva indígena cheia de chefões perigosos e mafiosos prontos pra iniciar uma guerra civil monstruosa. Trama mega adulta, cheia de palavrões, tiros e sangue, e o roteiro de Jason Aaron que já intriga logo na primeira edição, a série até agora se mostra uma das minhas favoritas.


Ela já tem alguns personagens que você vai demorar um pouco pra se acostumar, pois são pré-estabelecidos e tem uma importância relevante pra trama. Mas não demora muito pra entender o que cada um representa ali dentro. 


O desenho é sensacional, mas o que chamam mesmo atenção é a coragem do roteiro que não exita em usar da violência pra provocar o caos.






VAMPIRO AMERICANO
A série já é conhecida do público leitor de quadrinhos, então não tenho muito o que discorrer aqui. As edições 29 e 30 começam a contar a história de Skinner Sweet e Jim Book, irmãos de criação que cresceram juntos e viraram espécies de pistoleiros no velho oeste, combatendo índios. Adicione a isso a mitologia vampiresca habitual da série, e pode agradar a uma porrada de gente cansada de vampiros boiolinhas que brilham no sol.

A menor das séries da revista, terá apenas três partes, mas deixa um cliffhanger interessante, que te deixa curioso pra saber como terminará.









HELLBLAZER




A edição 29 começa com uma situação caótica já formada, que acaba colocando Constantine em, segundo a revista, a pior cilada em que ele já se meteu. Demora um bocado pra nos habituarmos com o que aconteceu, quem são os personagens, qual é a do rato falante e a trama com os três filhos de JC. O único detalhe que não me apeteceu muito na edição 29 foram os desenhos de Giuseppe Camuncoli, que na minha opinião não casaram com o clima da história.

Só que aí vem a edição 30 e TUDO MELHORA na história. Leonardo Manco assume os desenhos, com um traço bem mais sujo e realista, e o início do arco "Na Terra para onde vão os Mortos" é deveras do caralho.




CASA DOS MISTÉRIOS


De longe minha história favorita da atual fase da Vertigo, o arco "Sob Nova Direção" de "Casa dos Mistérios" me apresentou elementos mais atrativos que sua própria história linear, como por exemplo a ambientação proporcionada pelos desenhos de Luca Rossi. A maneira como a Casa dos Mistérios é apresentada, saindo de um mundo realista e indo para um cheio de monstros, orcs e criaturas fantásticas, me lembrou até os trabalhos de Guillermo Del Toro.

Outra sacada que me atraiu muito foi a simples ideia de que, na Casa dos Mistérios, você paga sua bebida contando uma história. Parece até bobagem, mas a maneira como isso se desenrola é sensacional, já que quando a história começa, ela é desenhada por outra pessoa, mudando totalmente o estilo da revista. Na edição 29 ela é desenhada por nada mais, nada menos que Sergio Aragonés (criador do genial Groo).

Ah, antes que eu me esqueça, a história conta com um goblin gay. E isso é foda. 


E é isso aí, jovens. Se você ainda não começou a ler quadrinhos por falta de oportunidade, ela está a uma banca de distância. Garanto que você não vai se arrepender.


[MÚSICA] Resenha CD: Blunderbuss - Jack White

Luan Alencar

Primeiro disco solo do artista é um alento para os órfãos de White Stripes.


Desde que a dupla com sua irmã (ou esposa?) acabou, não se ouvia mais os riffs inconfundíveis de Jack White. Eis que no primeiro semestre do ano, o cara lança seu primeiro trabalho solo, Blunderbuss. Confesso que minha primeira reação ao ouvir foi de completa estranheza. Tirando uma música ou outra, era muito diferente do estilo que eu esperava e estava acostumado (lembrando que eu nunca tinha me aprofundado muito em The Raconteurs e The Dead Weather).

Primeiramente vem a constatação de que a famosa guitarra de White está em um distante segundo plano. Destacando mais um inspirado piano/teclado e o violão. Os riffs e solos são muito mais pontuais, mas não deixam de te fazer agitar como se não houvesse amanhã quando aparecem. Há ainda um trabalho mega dedicado de segundas vozes femininas que casam perfeitamente com os agudos do cantor.

A música que abre Blunderbuss, Missing Pieces, é um bom exemplo do que eu venho falando. Tirando a voz de White, em nada tem a ver com as músicas de White Stripes, até começar o tal solo de guitarra pontual, que logo acaba e dá lugar a um novo arranjo. Logo em seguida aparece "Sixteen Saltines", que aí sim traz toda a vibe whitestripica, sendo a única a começar com um riff de guitarra e com o instrumento predominando durante  toda a faixa.

Os destaques ficam pra Love Interruption, dona de um discreto toque de seis notas no teclado que vai grudar na sua cabeça e uma linda segunda voz que encaixa como uma luva na música; e o cover de I'm Shakin' que há tempos é o toque do meu celular. A faixa é extremamente dançante (bem mais que a versão original de Little Willie Johnson) e um conjunto guitarra/bateria pra enlouquecer nas mais variadas danças.


É indiscutível que Jack White é um monstro. Um dos caras mais talentosos da atualidade. Dono de uma voz única e um talento musical de fazer inveja qualquer um, inclusive a Meg White, que deve estar chorando no cantinho da sala com o resultado desse trabalho.

[TV] Game of Thrones - Impressões sobre a Segunda Temporada


Domingo passado, saiu o penúltimo episódio da segunda temporada daquela que vem sendo apontada por muitos como a melhor série da atualidade. Sim, para a tristeza de todos, Game of Thrones está chegando ao fim. Mas a terceira temporada foi confirmada, e se os deuses maias forem justos, 2013 chegará com mais novidades dos Sete Reinos.




Este ano, a HBO investiu ainda mais na produção dos dez episódios que compõem a segunda temporada de Game of Thrones. Além de mais grandiosa, a série voltou mais polêmica do que nunca entre os fãs. Portanto, o NerdVerso resolveu fazer um balanço do que já saiu, com comentários e impressões sobre  algumas novidades apresentadas este ano. E como é de praxe, não faltaram comparações com os livros que deram origem à série televisiva. Porém, antes de continuar, deixo o aviso: por mais que tenha me preocupado em evitá-los ao máximo, pode ser que nos parágrafos a seguir  haja um ou outro spoiler.  Então, o ideal é que você tenha visto os episódios antes de seguir em frente.

Depois da incrível superprodução que foi a primeira temporada, de toda a repercussão atingida, do aumento colossal nas vendas dos livros e da fama mundial que o George R. R. Martin adquiriu, as expectativas acerca da nova temporada eram as maiores possíveis.

O segundo ano de Game of Thrones seria baseado quase inteiramente no conteúdo do volume 2 das Crônicas de Gelo e Fogo, “A fúria dos reis”. O título do livro já nos dá uma idéia da situação de Westeros (o continente fictício onde se desenvolve a maior parte da história), que depois dos acontecimentos da 1ª temporada, vê-se repartido e sob o domínio de cinco reis diferentes. O reinado de Joffrey encontra-se ameaçado por Robb Stark, que agora é Rei do Norte, e pelos irmãos do falecido rei Robert Baratheon, Renly e Stannis, ambos reclamando para si o disputadíssimo Trono de Ferro. Enquanto isso, Daenerys Targaryen, do outro lado do oceano, tenta conseguir os meios necessários para voltar a Westeros e dominar o continente, com os poucos Dothrakis que decidiram acompanhá-la e os seus filhotes de dragões. Ao lado disto tudo, os homens das Ilhas de Ferro, terra natal de Theon Greyjoy, enxergam uma oportunidade de também reclamar uma coroa.

Além dos personagens centrais já conhecidos pelo público, houve adição de novos nomes ao elenco. Entretanto, os fãs mais ranzinzas que esperavam episódios tão semelhantes e fieis aos acontecimentos do livro quanto os do primeiro ano da série, parecem ter se decepcionado bastante. Para começar, alguns eventos do terceiro volume, “A tormenta das espadas”, foram adiantados para a segunda temporada. Ou seja, houve uma mixagem da história do segundo livro com alguns acontecimentos que só ocorrem no volume seguinte. Mas esta não é a questão que vem despertando reclamações dos mais fanáticos: acontece que, nesta temporada, os roteiristas e produtores David Benioff e Dan Weiss resolveram tomar mais liberdades com o enredo. Algumas alterações na história original foram sentidas pelos leitores assíduos dos livros. Personagens queridinhos ficaram de fora e muitas passagens presentes nos romances foram cortadas ou modificadas.


Como para todo grande fenômeno de cultura pop, existem fãs babacas e imaturos, houve gente xingando a HBO e as mães dos produtores de GoT, ameaçando boicotar a série e bater a cabeça na parede até que os deuses de Westeros tomassem alguma providência em relação à “audácia” do canal ao fazer o necessário para transpor uma obra literária para a televisão: adaptá-la. Cada mínimo detalhe dos livros que não teve espaço na TV já era o suficiente para despertar a fúria de alguns fãs extremistas, que nunca perdem a oportunidade de inundar a internet com reclamações inúteis. E o que pode ser maior que a ira de um fã de Guerra dos Tronos que ficou sem os personagens Jojen e Meera na série? Talvez o ego de um Lannister, mas isto não vem ao caso.

Diante de tanta polêmica, e enquanto esperamos pela season finale, pontuei alguns dos elementos que tiveram maior destaque nesse ano, que geraram diversas manifestações do público e, é claro, contribuíram para acrescentar ainda mais sucesso à produção, ou, no mínimo, incentivar toneladas de comentários vindos de todos que a acompanham. Sei o que devem estar pensando agora: corta a baboseira e vamos direto ao ponto! Pois claro, atendendo aos vossos pedidos, partiremos para as impressões acerca da segunda temporada. 

Os novos rostos – Este ano, as adições ao elenco não foram poucas. A maioria dos personagens introduzidos em “A fúria dos reis”, e indispensáveis para a história, também tiveram presença marcada na série. O irmão mais velho de Robert Baratheon, que é bastante citado na primeira temporada, finalmente dá as caras. Stannis Baratheon, descrito nos livros como um homem sério e inflexível, até que foi bem incorporado pelo ator Stephen Dillane. Porém, não consegue ter a mesma presença em cena que o seu fiel seguidor conhecido como “cavaleiro das cebolas”, Sor Davos Seaworth, vivido por Liam Cunningham. Algumas das melhores cenas desta temporada foram aquelas com participação de Davos, que sempre possui ótimos diálogos.

Outro acréscimo foi o da atriz Carice van Houten, assumindo o papel de Melisandre, a Sacerdotisa Vermelha que conseguiu inserir um pouco de chamas à personalidade gélida de Stannis. É uma das figuras mais misteriosas, sensuais e temíveis das Crônicas de Gelo e Fogo, características que couberam bem no perfil da atriz escolhida para o papel.


Fomos apresentados também à família de Theon Greyjoy, os Ironborn. Provavelmente, os homens mais duros de todos os Sete Reinos, depois de Stannis.  São residentes das Ilhas de Ferro, lugar inóspito e impróprio ao cultivo, o que fez com que seu povo se dedicasse à navegação e à guerra. Para reconquistar a glória outrora possuída, os Ironborn aproveitam-se da desordem geral provocada pelas guerras para também reclamarem para si o domínio de alguns territórios, entre eles as terras dos senhores do Norte. É quando Theon volta ao seu lar, depois de ter ficado anos em Winterfell, que conhecemos seu pai, o implacável Balon Greyjoy (Patrick Malahide) e a provocadora de sua irmã Yara (originalmente “Asha”, mas que teve o nome mudado na série para evitar confusão com “Osha”, a selvagem amiga de Bran), vivida por Gemma Whelan. Esta em especial recebeu críticas raivosas de todos os lados: grande parte dos leitores achou a atriz insossa demais para a personagem e desprovida de maiores atrativos físicos.

Outro destaque deste ano foram as duas “damas” ao redor do Rei Renly Baratheon. Uma é Margaery Tyrell, sua jovem esposa, interpretada pela sempre sensual Natalie Dormer (a Ana Bolena de “The Tudors”) e a outra, não exatamente uma dama, é Brienne de Tarth (Gwendoline Christie). Brienne é mais um cavaleiro de bom desempenho com espada e escudo do que qualquer outra coisa. É ai que Gwendoline Christie se revela como outra ótima escolha para o elenco: quando esta de armadura é confundida facilmente com um homem. Alta, forte, desajeitada e sempre disposta a exercer seu dever como cavaleira juramentada, revelou-se uma das personagens mais carismáticas desta temporada.

Mais um que vale citar é o misterioso Jaqen H’ghar. Para não revelar muito da trama, comentarei apenas que o ator escolhido para interpretá-lo, Tom Wlaschiha, está sensacional no papel. Sua atuação nos estimula a querer conhecer mais o personagem, aparentemente tão interessante e fascinante. Provavelmente alguns dos mistérios o envolvendo começarão a ser revelados no último episódio.

O que faltou de elogio para a irmã de Theon, sobrou para a atriz Rose Leslie, escolhida para viver Ygritte. Lógico que grande parte desses elogios foram motivados pela beleza estonteante de Rose, chegando até a ser excessiva demais para uma selvagem, mas é inegável sua ótima atuação, que, no fim, é capaz de convencer os telespectadores da origem da personagem. Seus movimentos e a forma de falar são aqueles que esperaríamos de alguém que sempre viveu na desolação gelada do norte do continente.  Tão bom é o desempenho da atriz, que fica clara a inferioridade da atuação do Kit  Harington, como Jon Snow. Apesar da química entre os dois ter se mostrado excepcional, é difícil superar o tratamento entediante que Kit dá ao seu personagem. Um pouco mais de atitude não seria mau né? 

Arya e Twyin Lannister – Assim como em “Fúria dos Reis”, a Arya também foi uma das personagens mais destacadas nesta temporada. Depois de fugir de Porto Real disfarçada de garoto, a filha mais porreta de Ned Stark teve que testemunhar muitos horrores em sua jornada para retornar a Winterfell. Como  tio Martin não alivia nada para nenhum dos personagens, Arya acaba sendo capturada por soldados dos Lannister e levada a Harrenhal, onde Lorde Tywin estabeleceu a sede de suas forças durante a guerra. 

É ai onde se inicia a melhor parte do núcleo da personagem durante a segunda temporada: as divisões em cena com o veterano Charles Dance, o Tywin Lannister em pessoa. Acho que não preciso nem lembrá-los da austeridade e competência que emanam da interpretação do ator, o que torna ainda mais impressionante o desempenho da menina Maisie Williams. Com 15 anos e sem muita experiência na carreira de atriz, Maisie não se deixa ofuscar, em nenhum momento, pela presença em cena de seu parceiro. A química entre os dois é incrível. Os diálogos afiados de Arya, seus olhares desafiadores e a segurança com que lida com as cenas de tensão sugerem um amadurecimento precoce da personagem, resultado dos percalços ao quais se viu forçada a enfrentar.  

Mindinho e sua máquina de teletransporte - Nem a Daenerys em sua jornada pelo Deserto Vermelho, muito menos Jon Snow desbravando as terras inóspitas para lá da Muralha, locomoveram-se tanto nessa temporada quanto Mindinho. O personagem aparecia em um local diferente em praticamente todo episódio, movendo suas palhinhas, arquitetando astuciosamente, convencendo os mais vulneráveis com seus discursinhos envenenados. Não há dúvidas de que Mindinho é um dos maiores jogadores na Guerra dos Tronos, nunca se sabe qual será a próxima carta escondida na manga que ele irá por em cima da mesa. Petyr Baelish é elemento de alta periculosidade, Eddard Stark que o diga, e esse ano estivemos mais expostos às suas travessuras pelo território de Westeros.  

Ros – A prostituição é a atividade mais requisitada nos Sete Reinos. Em Porto Real, cidade mais importante do continente, os bordéis de Mindinho são sempre altamente freqüentados, principalmente em tempos de guerra, com soldados e gente de todo lugar indo e voltando. Neste ambiente, entre tantas outras mulheres que sobrevivem por meio desta atividade, existe Ros, a prostituta mais conhecida pelos que assistem à série. A personagem, contudo, foi criada apenas para a TV, não havendo registro dela nos livros. De vez em quando, há uma cena em que Ros contracena com outros personagens importantes da trama, e nesta temporada, suas aparições também estão freqüentes... e mais cruéis. Alguns fãs acham estas cenas “desnecessárias”, por não possuírem tamanha importância para a história como outros acontecimentos que deveriam estar presentes na série. Porém, os momentos com a personagem são sempre bem executados, graças ao poder carismático da atriz Esmé Bianco. Personagens secundários como Ros, mesmo não estando presente nos eventos principais, são indispensáveis, principalmente por oferecerem alívios à tensão do roteiro e mostrarem realidades paralelas àquelas que envolvem os conflitos dos grandes senhores. Ainda mais, por que ela representa as inúmeras prostitutas que aparecem nas Crônicas de Gelo e Fogo.  Em meio à guerra e às constantes ameaças vindas de todas as partes, a vida dessas mulheres é uma verdadeira provação e a personagem Ros incorpora toda a força e desenvoltura desta classe. Sendo assim, viva Ros! 

Lobos – Os companheiros dos irmãos Stark estão maiores, mais ameaçadores e finalmente dignos de serem chamados de “lobos gigantes”. Na primeira temporada, mal se notava que havia algo de especial nos animais. Pareciam apenas lobos normais, como qualquer outro encontrado nas florestas do norte. Mas a equipe da HBO se redimiu e caprichou na aparência destes que também são personagens importantíssimos de Game of Thrones. A transformação pôde ser sentida logo no primeiro episódio, quando a aparição de Vento Cinzento no acampamento de Robb, durante o diálogo do Rei do Norte com o Regicida, provocou arrepios não apenas no irmão e amante da rainha Cersei, mas também nos telespectadores. Em compensação, no restante da temporada, as participações dos animais foram pequenas, assim como as cenas com os filhotes de dragões. Cortes de orçamento, né HBO?  

A vastidão do mundo das Crônicas de Gelo e Fogo – Tivemos uma dimensão muito maior do cenário gigantesco que compõe o universo criado por Martin. Em “A fúria dos reis”, muitos personagens, como Arya, Daenerys e Jon, deslocam-se bastante entre os territórios de Westeros e para além deles. Ou seja, nesta temporada a série adquiriu bem mais ar de verdadeiro épico. Um ponto positivo da HBO foi o de procurar gravar boa parte destas cenas em locações reais. Nada de computação gráfica, mas sim o aproveitamento dos cenários naturais oferecidos pelas belíssimas paisagens da Croácia e da magnífica Islândia, ilha gelada que promoveu a atmosfera perfeita para a gravação das cenas ao norte da Muralha, com Jon Snow e companhia. 


Já aqueles lugares que só são possíveis por meio de CGI, como Harrenhal, Pyke e Qarth, também não deixaram a desejar e, para um orçamento televisivo, foram muito bem feitos. Só faço uma ressalva em relação à Qarth. Como a maior cidade que já existiu ou existirá, esperava ver muito mais de suas ruas, seus mercados, seu movimento e suas belezas. Pouco do que a cidade tinha a oferecer foi explorado. Por falar em efeito especial, não poderia deixar de citar a comentadíssima cena do parto de Melisandre, extremamente bem executada.

Um reino em crise e no centro dele um anão – Não tem jeito: Tyrion Lannister é a estrela dessa série. Se na temporada anterior, o carisma e as peripécias do anão já roubavam a cena, este ano ele voltou com presença triplicada, e apaixonado. Tyrion é o personagem mais importante do segundo volume. Prova disso, é que a maioria dos capítulos são dele (15, no total, enquanto para Daenerys, por exemplo, só foram reservados 5 capítulos). Depois de passar por mal bocados, com sua captura por Catelyn Stark, o anão assume as rédeas do jogo dos tronos, pondo em prática toda sua sagacidade. Acompanhamos, então, o pequeno Lannister enquanto ele executa seus planos para tentar mudar as coisas em Porto Real, sempre usando de sua inteligência impressionante. Suas tiradas ácidas e os confrontos com Cersei estavam muito bem afiados nesta temporada. Cada aparição do ator Peter Dinklage é simplesmente sensacional. Todos os elogios nunca serão de menos para seu trabalho, que esperamos render mais prêmios ao ator este ano.
 
Mais ação medieval – É claro que não devemos esquecer que, apesar da excelente produção, Game of Thrones não possui um orçamento cinematográfico. A TV também não dispõe de tanto tempo, e cerca de uma hora por episódio não é suficiente para dar conta de todos os acontecimentos. Por isto, as cenas de guerra que tanto queremos ver muitas vezes têm de ser reduzidas, ou até mesmo, retiradas dos episódios. Na primeira parte do segundo volume das Crônicas de Gelo e Fogo, existem muitas batalhas acontecendo ao mesmo tempo. Nos primeiros episódios desta temporada, vimos apenas os resultados destes confrontos e não o calor do combate em si. 

 
Adaptar as cenas de guerra é um grande desafio para a HBO e havia bastante preocupação dos fãs sobre a forma como as batalhas de maior escala seriam feitas. Porém, no final de “A fúria dos reis” acontece um enorme combate que não poderia ter sido ignorado pelos roteiristas. E no último episódio antes da season finale, com a batalha de Blackwater, a HBO encheu o coração dos fãs com a mais genuína alegria. Um episódio inteiro dedicado à guerra entre Porto Real e as tropas de Stannis, com ótimas cenas de luta, excelentes efeitos e doses generosas de violência e dramaticidade. 

Sim, meus caros, o que a HBO economizou de orçamento nessa temporada, cortando gastos com outros possíveis detalhes da adaptação, foi para que “Blackwater” se tornasse possível. Quer presente melhor do que aquela cena extraordinária com a explosão dos navios provocada pelo “Fogo Vivo” dos alquimistas de Porto Real? No fim, as suspeitas a respeito do uso da substância se extinguiram com um show de destruição, horror e chamas verdes, de deixar o público boquiaberto. Inesquecível a lembrança das peles dos aliados de Stannis derretendo-se sob o Fogo Vivo e dos gritos de pavor dos homens atingidos, com o corpo em chamas sobre as águas. E sobre as muralhas da Fortaleza Vermelha, as expressões daqueles que observavam aquela paisagem aterradora e fascinante: um espetáculo esmeralda. Digo, sem hesitação, que esta foi a melhor cena de toda a série. A HBO fez, definitivamente, um trabalho magnífico e agradou completamente aos fãs, tanto que poucos ousaram reclamar do episódio (evento raro).   
 

Se eu for me basear apenas no penúltimo episódio desta temporada, eu diria, sem dúvidas, que a HBO conseguiu passar pelo teste de fogo, literalmente. Provou que é possível adaptar cenas mais difíceis para uma produção televisiva. Conseguiu bater recordes de audiência este ano e alavancar a série a um patamar mais elevado. Sim, Game of Thrones ta acima da média da maioria dos seriados de TV, não é novidade. A série tem bem mais personagens, mais histórias entrelaçadas e acontecimentos paralelos nessa temporada. Assim, é compreensível que outras coisas tenham ficado de fora da adaptação, afinal não é possível encaixar todos os elementos dos livros do Martin sem que eles fiquem confusos para o público da série. Mas como agradar a todos os fãs é mais difícil do que arrancar um sorriso do Stannis, exponha nos comentários o que você achou sobre a segunda temporada! Estes foram apenas alguns tópicos que escolhi debater, como não era possível falar sobre tudo em um post único. Mas quais foram outros elementos importantes que esqueci de citar? O que poderemos esperar do último episódio? Manifestem-se abaixo.

[HQs] X-Men: First Class - Arco 1



Primeiramente, vamos deixar uma coisa bem clara: X-Men First Class, a HQ, nada tem a ver com o filme de 2011 com o mesmo título. A menos a premissa, é claro: vemos o início da Escola Xavier Para Jovens Superdotados, com seus primeiros alunos participando de suas primeiras aventuras. E, nessa edição especial brasileira - chamada de X-Men Anual -, vemos o primeiro arco de aventuras de Cíclope, Anjo, Jean Grey, Homem de Gelo e Fera.

A primeira edição é relativamente chata, pois fica fazendo diversos flashbacks durante a primeira aventura da equipe, somente para apresentá-la. Se não houvesse tal aventura, sendo essa edição somente para a apresentação dos personagens, o roteiro teria soado bem mais natural.

Porém, tirando isso( e algumas falas caricatas e situações redundantes), a HQ é extremamente divertida. Bobby rouba a cena sempre que aparece, com suas tiradas super engraçadas; o desenvolvimento dos personagens é detalhado desde a primeira edição - e destaco a fuga de Warren durante a aula e a conversa que Scott tem com Charles Xavier -, o que enriquece a narrativa; as aventuras sempre surpreendentes( vemos desde o Lagarto lutando contra os X-Men a equipe presa dentro da mente do Professor X); entre outras características que ganham o leitor.

A arte combinou perfeitamente com a essência da trama: levemente exagerada, com cores vivas e sempre combinando. A interação entre os personagens - e o amadurecimento deles - é bem trabalhado, como no momento em que Jean tira os óculos de Scott, que usa o seu poder "livremente". É um momento bem bonito da HQ. Algo também bastante divertido é o "extra" que surge nas últimas páginas: as fotos dos personagens, com anotações escritas por eles mesmos! É bem interessante ver a opinião de cada um sobre os seus colegas - e seu mentor, Charles Xavier, que atua bastante com o grupo( mesmo que na maior parte no planejamento das ações e como um guia durante as aventuras).

Com participações especiais inusitadas - desde o Doutor Estranho, passando por Mercúrio e Feiticeira Escarlate até Thor! - e com alguns defeitos, mas repleto de acertos, X-Men: First Class é uma ótima pedida se diversão é o seu objetivo!

Nota: 8,0